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06/01/2022 – Denis Moura Dos Santos – Autor do livro Pardos: A Visão das Pessoas Pardas pelo Estado Brasileiro (Editora Appris, 2021).

No ano de 2022 será realizado, depois de dois anos de atraso, o Censo Demográfico no país. Em 2020, o levantamento foi adiado por conta da pandemia da Covid-19, que assolou o Brasil e o mundo; e, em 2021, o governo federal não reservou o dinheiro necessário para a realização do censo. Com a garantia da realização do censo, por conta de uma decisão do STF e pela reserva de recurso do orçamento, o ano de 2022 promete ser o ano em que será consolidada a informação de que o Brasil é um país formado, em sua maioria, por pessoas pardas. Ainda que esse cenário já estivesse presente no primeiro censo, realizado em 1872, segundo Nelson de Castro Senra, a categoria “parda”, presente nesse censo, também levava em consideração os descendentes de escravos alforriados e/ou já nascidos livres, filhos deles, independentemente da cor de sua pele. Além disso, estava presente a categoria “cabocla” que poderia indicar a pessoa com ascendência indígena e europeia ou os indígenas, visto que, a categoria “indígena” passou a estar presente nos censos apenas no ano de 1991.
O termo “pardo” é um termo antigo, que tem quase mil anos e está dicionarizado desde o século XVIII, diz respeito às pessoas que possuem tom de pele entre o branco e o negro, cada vez mais pessoas passam a se declarar como pardas nos questionários raciais. A mudança no manual do Censo 2022, em relação ao manual do Censo 2010, poderá contribuir para que mais pessoas passem a se declarar como pardas, visto que, nesse documento existe uma explicação oficial sobre o uso do termo e o recenseador poderá informar ao entrevistado que, de acordo com o manual, a pessoa parda é aquela que se declara como parda ou “se identifique com mistura de duas ou mais opções de cor ou raça, incluindo branca, preta, parda e indígena”. Dessa forma, as pessoas que possuem dúvidas quanto a sua classificação racial, principalmente as pardas, terão um apoio para que elas descrevam a sua condição de pessoas pardas, visto que, muitas delas, ainda possuem dúvidas sobre o termo. Além disso, outras pessoas, apesar de pardas, costumam responder que são brancas ou pretas, a despeito de seus fenótipos que indicam as suas diversas ascendências.
Os primeiros resultados do Censo 2022 serão apresentados no final do ano, os dados desse levantamento são importantes para a realização de políticas públicas, pois eles são importantes para a tomada de decisões por parte das esferas governamentais (União, Distrito Federal, estados e municípios), que vão da realização de campanhas de vacinação até a adoção, ou não, de cotas raciais em determinadas situações. Dessa forma, é importante que as pessoas pardas se declarem como pessoas pardas.
Como uma forma de fomentar o debate, indico o livro: Pardos: A visão das pessoas pardas pelo Estado Brasileiro, de minha autoria, que explica sobre a postura do estado brasileiro em relação às pessoas pardas ao longo da história, que vai desde o surgimento do termo “pardo” até a discussão breve, sobre a situação das pessoas pardas em outros países, em uma perspectiva comparada com a nossa.

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