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26/01/2022 – Por: Ana Paula Costa Pereira autora de Educação para a Paz: O Exemplo de Modelo Pedagógico do Método Escoteiro Enquanto Educação não Formal

Venho observando que documentos do MEC e artigos de vários autores que vão desde a alfabetização e o letramento até a supervisão, coordenação, formação do magistério, currículo entre outros, tentam nortear uma educação de qualidade e que na última década muito se fala em democracia, autonomia e sustentabilidade.
Quanto mais eu leio, mais me apaixono. Porém, paradoxalmente, também me frustro.
Toda a orientação para a educação brasileira busca acompanhar o movimento global (via UNESCO) de educação para a paz, para a tolerância, para a multiculturalidade, o pensamento crítico, a incerteza, a sustentabilidade, o ser integral, a tolerância e a participação social.
Além disso, nossos documentos orientadores e debatedores têm sido, conforme informações oficiais do MEC, construídos através do diálogo com vários setores e instituições em níveis municipais, estaduais, DF, nacional e representantes do magistério.
Em princípio, as orientações propostas pelos documentos oficiais são no sentido de tentar garantir qualidade e em alguma medida, igualdade em nível nacional como prática democrática. No entanto, encontro no que diz respeito à prática na educação pública, uma situação no mínimo preocupante quando entramos na dita autonomia pensando em futuro da educação e em sua sustentabilidade.
Muito se fala em autonomia na área da educação. Autonomia da escola, dos professores, dos alunos, da comunidade, mas não a vejo acontecer nos sistemas da educação pública que conheço. Pior, pouco vejo em prática o que todos os debates e pesquisas orientam, principalmente nas questões da avaliação, construção dos currículos e em entender o educando como ser integral. Muitos podem ser os fatores. A minha intenção aqui não é determiná-los, mas chamar a atenção para que não deixemos que a política mal utilizada se sobreponha ao gesto político que contempla a Educação: educação com real qualidade social. Aquela que precisamos para mudar o rumo no qual estamos.
Uma escola que não tenha o mínimo de autonomia para fazer e aplicar o seu próprio Projeto POLÍTICO PEDAGÓGICO não é uma instituição de construção do saber, nem de sociedade livre. É tão somente um depósito de crianças e jovens e formará pessoas sem perspectivas ou programadas a atender a determinados objetivos ocultos e, ainda, tornará os educadores frustrados e doentes. Este é o preço que pagamos por deixar que se interfira externamente na escolha da comunidade escolar!
Então lhes pergunto: Qual sociedade queremos? Vamos continuar insistindo nos mesmos erros?
“Nós” deveríamos exercer nosso papel verdadeiramente político na gestão da educação: famílias, professores e gestores na escola.
De que adianta tanto estudo, tanta pesquisa, tanto dinheiro gasto em campanhas pela educação se na hora de por tudo em prática o PODER anula a ciência e o debate democrático?
O que vejo de fato é que no auge do termo SUSTENTABILIDADE, tão propagado no mundo inteiro e trazido para a Educação, nela própria, pouco se dá. A Educação Pública no Brasil, em muitos casos, mas felizmente com exceções, NÃO É SUSTENTÁVEL.
Acordemos, pois, para o que desejamos de fato para a sociedade. A hora é agora ou já estaria sendo perdido o tempo possível?
Fica aqui uma reflexão crítica e um tanto quanto idealista sobre como deveria ser qualquer pessoa que vislumbra uma sociedade um pouco melhor do que esta que estamos presenciando.

 

ANA PAULA COSTA PEREIRA
Pedagoga, psicopedagoga atuando na orientação pedagógica e supervisão escolar em redes públicas municipais no estado do Rio de Janeiro. Autora do livro: Educação para a paz: o exemplo do modelo pedagógico do método escoteiro enquanto educação não formal (Appris, 2022).

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