DESCRIÇÃO
Este livro é a releitura de uma memória da minha infância.
Eu fui a criança que queria ser a Branca de neve da peça, ou melhor, a Pretinha de Neve. Eu tinha apenas oito anos quando isso aconteceu. Precisei me desdobrar e reelaborar o meu sentimento diante da situação, pois a mentalidade das pessoas ainda estava muito presa a padrões violentos.
Queria ser a Branca de Neve porque tinha desenvoltura para tal, mas não fui escalada para o papel, por causa da minha cor. E isso me foi dito abertamente. Apesar de todos os meus argumentos, inclusive para mudar o nome da história, não houve empatia, nem acolhimento. Tratei de me reinventar e pedi o papel da madrasta, dei o meu melhor e me senti muito realizada. Fui aplaudida de pé e o meu talento reconhecido pelos espectadores.
Desde pequena precisei me regular e ressignificar minha existência em situações que se colocavam para me ferir. Tive ferramentas familiares para desenvolver essa aptidão. Mas ainda assim, as marcas ficam.
O livro A Pretinha de Neve revela um cenário de como poderia ter sido conduzida a minha história naquela época, e de como poderiam ser pensadas as encenações a partir de agora. Meu desejo é que essa geração não precise passar por nada parecido com isso. Que a leitura desse livro, seja o início de um novo tempo para as crianças em todas as suas particularidades!
Que cada uma tenha liberdade de ousar sonhar, sabendo que todo sonho e fantasia lhe cabe.
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