DESCRIÇÃO
Memória, experiências e sentidos de ser professora pomerana desvela a história de Lilia Jonat, marcada pela busca incessante dos sentidos de ser e existir no mundo a partir de laços familiares, escolarização, docência, casamento, nas relações com o outro e consigo mesma. As forças que a moveram nessa busca identitária trazem belíssimas passagens de uma existência, desvelando sentidos relacionados ao mundo em que ela se insere, como se pode notar nos excertos a seguir.
“‘O que você quer da sua vida?’ Fiquei sem palavras… Não tive coragem de responder-lhe naquele momento. Voltamos para casa. Fiquei quieta. Percebia em seu semblante que minha mãe estava muito brava… Tão brava, que não queria nem conversar comigo sobre o assunto. Notei que ela não gostou nem um pouco da novidade, enquanto eu explodia por dentro de felicidade!”.
“A estrada tinha muita areia e, ao frear para que o carro passasse, a bicicleta derrapou e eu caí com aquele barrigão próximo ao carro. No dia do acidente, eu estava perto do sétimo mês da gestação, com uma barriga bem grande. Com o peso do meu corpo, a bicicleta foi lixando pra debaixo do carro”.
“A enfermeira do hospital […] foi quem me deu a notícia. O dia amanhecia, o relógio marcava seis horas… […] Fechava-se e se abria um novo ciclo de vida. Éramos todos acometidos pelo sublime renovo da vida humana”.
“É difícil explicar o que é pisar num lugar onde seus antepassados viveram e você não poder chamá-lo pelo nome porque não existe mais. O chão está lá, os descendentes, os costumes, mas o nome não existe mais. Foi uma sensação muito forte, um sentimento carregado de grandes emoções: de alegria, mas também de tristeza”.
“Pude sentir o que significa deixar uma pessoa para trás e termos que seguir viagem. Certamente, esse pesadelo assolou nossas gerações passadas, quando saíram de sua terra natal, a Pomerânia, tendo que deixar para trás seus familiares, seus pertences, bem como jogar ao mar aqueles que morriam durante a viagem rumo ao Brasil”.
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