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O livro de Cláudio Honorato sobre o mercado de escravos na região do Cais do Valongo, no Rio de Janeiro, surge em hora mais que oportuna e vem suprir uma lacuna no conhecimento sobre a história da escravidão africana no Brasil. O funcionamento do complexo escravagista na cidade mais importante no comércio transoceânico de cativos para as Américas no século XIX é analisado a partir de fontes de época, incluindo documentos oficiais, notícias de jornais, relatos de viajantes e iconografia.
O livro de Cláudio Honorato sobre o mercado de escravos na região do Cais do Valongo, no Rio de Janeiro, surge em hora mais que oportuna e vem suprir uma lacuna no conhecimento sobre a história da escravidão africana no Brasil. O funcionamento do complexo escravagista na cidade mais importante no comércio transoceânico de cativos para as Américas no século XIX é analisado a partir de fontes de época, incluindo documentos oficiais, notícias de jornais, relatos de viajantes e iconografia. A obra tem como foco a região em que se situavam o cais de desembarque, o lazareto onde eram tratados os enfermos da terrível viagem e o cemitério de pretos novos, destino final dos que não sobreviviam à travessia. Apresenta aspectos da história da cidade que cresceu em função de sua conexão com a outra margem do oceano e que era permanentemente transformada pela presença e ação dos africanos escravizados recém-chegados.
Este livro não é apenas sobre o Rio de Janeiro, pois esse espaço relaciona-se com os portos e regiões internas da África, onde embarcaram e de onde eram retirados os cativos. E conecta-se com regiões do Brasil e da América do Sul, que tinham no mercado do Valongo seu centro de abastecimento de mão de obra e ponto de partida para outras rotas da escravidão. E também integra a diáspora africana nas Américas que, a partir desse estudo em escala local, permite ser vista em sua dimensão continental e internacional. O Cais do Valongo, um dos lugares de que trata, recebeu, por essas razões, o reconhecimento como Patrimônio da Humanidade da Unesco.
A escravidão de africanos e africanas e seus descendentes é um dos temas mais sensíveis da história brasileira e imprimiu sua marca de sofrimento e de desigualdade sobre nossa identidade como povo e sobre a nossa ordem social. O trato com rigor histórico e científico das informações coletadas em cuidadosa pesquisa documental faz deste livro uma referência necessária para os estudiosos do tema. O conhecimento que aporta permite avaliar a importância da luta permanente contra os efeitos perversos dessa injustiça histórica.
Monica Lima
Professora de História da África e coordenadora do Laboratório de Estudos Africanos da UFRJ
Peso | 300 g |
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Dimensões | 23 × 16 × 2 cm |
ISBN | 978-85-473-2443-8 |