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Como os alunos estão nas escolas e não aprendem? Esta pergunta é o fio condutor de “A Cultura da Repetência”, resultado da pesquisa de doutorado da autora. O livro descreve a cultura pedagógica da repetência, apresentando sua descoberta como fenômeno da escola básica brasileira, na década de 1980, até chegar a práticas escolares atuais. Ao longo dos capítulos, a autora mostra como a cultura da repetência se manifesta na sala de aula, conselhos de classe, bem como nas representações de atores escolares. Recheado de histórias de alunos e professores que contam o que pensam da escola, do ensino e da educação, por meio de crenças, concepções e valores, traços da cultura da repetência são revelados. Com uma narrativa fluida e atraente, o livro é leitura indicada para profissionais da educação e para o público interessado em compreender a educação brasileira.
Para descrever a repetência, foi realizada uma pesquisa durante dois anos em duas escolas públicas cariocas localizadas na zona sul da cidade do Rio de Janeiro. O trabalho de campo seguiu o protocolo da investigação antropológica inspirada em Malinowski e se debruçou sobre os rituais e cerimônias escolares, como salas de aula, conselhos de classe, sala de professores, reunião de pais e festas escolares, convivendo com os “nativos” na “aldeia”. A vida na escola é descrita sob o ponto de vista de alunos, professores e diretores, personagens desse drama que se desenrola no dia a dia do ambiente escolar.
A pesquisa em salas de aula revelou como a cultura da repetência se reproduz na estrutura da aula. A sala de aula pode ser descrita pela metáfora “centro-periferia”. No “centro” estão os alunos a quem o professor dirige o ensino na sala de aula; na “periferia” estariam os outros estudantes da classe, os excluídos do ensino. As representações docentes justificam a estrutura “centro-periferia”, pois existe uma crença generalizada de que alguns alunos são menos capazes de aprender, por isso não adianta ensiná-los.
O ritual da sala de aula é legitimado pelo julgamento feito nos conselhos de classe, espaço coletivo em que os professores atribuem valores morais ao juízo escolar. Na escola brasileira, o aluno que não aprendeu deve ser punido com a reprovação, que se naturalizou como o principal recurso para ensinar. Segundo a cultura da repetência, o professor não se vê responsável pelo aprendizado e promoção dos alunos bem como não concebe sua prática sem a reprovação. Este livro descreve a aventura antropológica da descoberta dessa cultura.
Peso | 300 g |
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Dimensões | 23 × 16 × 2 cm |
ISBN | 978-65-5820-513-5 |