Nesta belíssima obra, a companheira de luta, de vida, de sonhos e utopias, Letícia Chimini, expressa da forma mais genuína o que é estar com um pé na luta, na militância e outro na academia. Ela retrata claramente a importância da construção da soberania pelo campesina-to ao construir ferramentas para garantir a sua reprodução social ao mesmo tempo que busca superar a sociedade capitalista que tudo expropria e mercantiliza. Camponeses e camponesas são responsáveis por produzir comida de verdade, sem veneno, alimento este que vai para mesa dos trabalhadores e cumprem essa tarefa respeitando e cuidando do meio ambiente em que vivem. Esses sujeitos, muitas vezes invizibilizados, são os verdadeiros revolucionários no enfrentamento de todas as faces do capital, que quando avança, a vida, em todas suas esferas, fica ameaçada. Essa construção reafirma a estratégia norteadora do Movimento dos Pequenos Agricultores, produzir alimentos limpos e saudáveis, cuidando do meio ambiente, para alimentar o povo brasileiro. O trabalho da Letícia nos faz pensar em um rural brasileiro livre e soberano, no qual seus sujeitos possam desenvolver suas atividades, sendo protagonistas de um processo revolu-cionário, que possa contar com políticas públicas e por meio de processos coletivos, dos movimentos sociais e conjunto de organizações que compõem a via campesina, possam fortalecer as lutas de enfrentamento do capital em todos os territórios. A forma dialética que o Campesinato realiza a construção da autonomia/soberania é uma das formas de enfrentamen-to ao avanço do capital. Letícia, além desta mulher potente e engajada nas lutas sociais, é uma cientista muito à frente do seu tempo, que nos orgulha ao permitir trilhar as fileiras das lutas coletivas e a construção de uma sociedade do bem viver ao seu lado, como iguais. De uma humildade ímpar, quem não sabe não diz que ela carrega o título de doutora Letícia Chimini.