Como as crianças pataxó aprendem seus afazeres cotidianos? Quais os papéis desenvolvidos por elas na aldeia? Quando e onde podem circular? Essas são apenas algumas das questões reveladas pelo professor e pesquisador Luciano Silveira Coelho, doutor em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais, em uma instigante pesquisa etnográfica realizada sobre e com as crianças pataxó da Terra Indígena Fazenda Guarani, localizada nas proximidades da cidade mineira de Carmésia. O intuito desta pesquisa foi colocar em relevo alguns aspectos fundantes das aprendizagens das crianças pataxó em suas práticas cotidianas. Para tanto, o autor faz um diálogo com as produções acadêmicas contemporâneas que têm pesquisado as infâncias indígenas em uma perspectiva analítica e que entendem as crianças como sujeitos sociais e plenos. A fundamentação teórica para tal análise ancora-se nas produções antropológicas sobre as aprendizagens humanas, mais enfaticamente nas teorias da Aprendizagem Situada de Jean Lave e na abordagem ecológica de Tim Ingold. A convergência de tais referenciais oferece um arcabouço teórico que aponta caminhos para um entendimento da aprendizagem como um processo essencialmente social e o conhecimento como algo que se estabelece e se constitui na prática da vida cotidiana. Esse aporte teórico iluminou aspectos fundantes do engajamento das crianças pataxó em seis práticas presentes nesta aldeia: a caça, o trabalho agrícola, a produção e venda do artesanato, as tarefas domésticas, o futebol e as brincadeiras. Nesta obra, o leitor é conduzido por uma densa descrição etnográfica que revela que as crianças pataxó estão envolvidas diariamente em um interessante e complexo ambiente que lhes proporcionam inúmeras aprendizagens que independem de um ensino deliberado para acontecer.