DESCRIÇÃO
Este livro analisa a demanda da família de Arno Preis, militante de esquerda morto pela Ditadura em 1972, pelo direito ao luto, à verdade, à reparação pública e à justiça.Vocacionado a seguir carreira diplomática, Arno Preis teve sua vida transformada pela emergência da Ditadura Civil-Militar em 1964. Aprofundando engajamento político iniciado nos anos anteriores, quando se integrara ao movimento estudantil, Arno Preis fez parte da geração que decidiu derrubar a Ditadura por meio da luta armada revolucionária.Em 1968, incorporou-se à Ação Libertadora Nacional (ALN). Em 1971, participou da dissidência da ALN que criou o Movimento de Libertação Popular (Molipo). Consciente dos riscos de sua opção e salientando que preferia morrer a viver em um país tão injusto, costumava dizer, como se fosse um mantra: “Primeiro o sacrifício. Depois os sonhos”.Assassinado pelos agentes do sistema repressivo e sepultado clandestinamente no norte de Goiás, seu nome integrou a lista dos mortos e desaparecidos políticos da Ditadura. Somente em 1994 seus restos mortais foram exumados, identificados e receberam sepultamento digno em sua cidade natal, Forquilhinha (Santa Catarina). O funeral foi precedido de homenagens no Congresso Nacional, na Faculdade de Direito de São Paulo (onde havia estudado), na Assembleia Legislativa de Santa Catarina e na Igreja Matriz de Criciúma.Anatematizado como “inimigo da pátria” pela Ditadura que o assassinou e negou-lhe um funeral digno, Arno Preis teve sua biografia ressignificada nesses ritos de homenagens, nos quais foi saudado como um mártir que sacrificou a sua vida combatendo a tirania.Concluindo o seu direito ao luto, a família de Arno Preis empreendeu jornadas pelo restabelecimento da verdade sobre as condições de sua morte, pelo reconhecimento do significado de sua militância e pela responsabilização do Estado brasileiro.O objetivo deste livro é analisar as várias dimensões da demanda sustentada pela família de Arno Preis, inserindo-a na temática mais ampla da história dos mortos e desaparecidos políticos da Ditadura. O passivo das violações aos Direitos Humanos cometidas pelo Estado durante a Ditadura, especialmente em relação à questão dos mortos e desaparecidos políticos, remanesce como pauta inconclusa, considerados os parâmetros da Justiça de Transição.
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