Autismo: histórias de aprendizagem relata uma experiência educacional com crianças com distúrbios globais de desenvolvimento, que, mediante uma articulação teórica de complementaridade entre a psicanálise em Lacan, a linguística em Bakhtin e a teoria histórico-cultural em Vygotsky, possibilitou novas vivências de aprendizagem, que emergem de um trabalho a partir da linguagem enquanto constitutiva do sujeito, compreendida aqui numa dimensão dialógica e ideológica. O desenvolvimento dessas crianças está vinculado às condições concretas do grupo social em que estão inseridas e marcam suas vidas pelas concepções de deficiência presentes na cultura, bem como as tornam vítimas dos diferentes tipos de educação e cuidados recebidos sob a égide da doença e da incapacidade. Assim, o objeto da obra encontra-se no processo dialógico das práticas educacionais, em que o educar é transmitir marcas simbólicas, que possibilitam à criança usufruir um lugar no campo da palavra e da linguagem, a partir do qual o desejo seja possível como forma de enunciação. Essa proposta, vivenciada numa sala de apoio, orientou a pesquisa, revelando, por meio desta obra, o poder subjetivante de práticas educacionais inovadoras.