Este livro apresenta um novo olhar teórico sobre como as identidades de gênero são formadas a partir de processos de desenvolvimento psicológico. A perspectiva pós-estruturalista de Foucault, Deleuze e Butler foi utilizada como ferramenta conceitual para entender como os processos de desenvolvimento humano são constituídos pelo gênero e se desenrolam continuamente em um tempo heterogêneo. A teoria apresentada compreende que as identidades de gênero podem ser diversas e se produzem a partir de um processo criativo e reflexivo de constituição da subjetividade. Isso porque a variação de gênero é fruto da atividade criativa da constituição de gênero no psiquismo. Pensar o desenvolvimento da personalidade como um processo autorreflexivo, em que o sujeito se utiliza do trabalho da crítica para se tornar analista de si mesmo, localiza uma questão emergente das políticas de reconhecimento situadas no âmbito dos novos movimentos sociais de gênero. Apesar de todas as amarrações sociais e psíquicas em que o sujeito se encontra, como do seu próprio desejo por reconhecimento, uma vez que o sujeito pode se tornar escravo do desejo alheio, a teoria desenvolvida por este livro compreende que a subjetivação tende a sempre se mover em direção a um processo de autolibertação do sujeito diante dos poderes e das normas sociais. Por isso, as pessoas transgênero visam um reconhecimento em que elas mesmas podem se tornar donas e analistas dos seus próprios desejos.