A história de amor entre Enrico e Marina começou muito antes do encontro inesperado na pequena livraria no Soho, em uma tarde fria de Nova York. Um amor incondicional que nasceu quando segurou aquela bebê nos braços pela primeira vez e se encantou com seus olhos, durante o parto prematuro no meio da sala de seus melhores amigos desde a faculdade, em uma tarde de domingo, enquanto Wilson Simonal cantava alegremente na vitrola. Um amor doce que cresceu cada vez que a segurava em seu colo, que sentia a gargalhada contagiante daquela menina linda e levada, rolando pelo chão com brincadeiras de luta e cambalhotas. O amor infinito que brilhava em seus olhos quando ouvia orgulhoso sobre as conquistas escolares da pré-adolescente magrela de pernas longas que adorava correr, pular e contar histórias. Um amor que se tornou triste quando foi simplesmente esquecido, depois de um momento de uma grande perda e muita dor, para todos. Ele a amava tanto e apenas a abandonou, fugindo de si mesmo, escondendo-se da própria vida, quando pensou que não aguentaria o sofrimento. Agora, 17 anos depois, ali estavam eles, frente a frente novamente, redescobrindo o amor, não mais puro e ingênuo, mas ardente e prazeroso, durante uma semana incrível na linda Nova York. Marina o amava novamente, o “tio Enrico” que um dia embalou seu sono com uma cantiga de ninar sussurrada com doçura, agora tocava seu corpo e gemia em seu ouvido palavras indecentes. Tudo seria perfeito novamente, se não fosse por um detalhe: ele não a reconheceu, e ela não contou quem era. Não pretendia enganá-lo, queria apenas voltar a ser uma doce lembrança em sua vida, não tinha ideia de que ele já estava decidido a voltar ao Brasil quando tudo começou. Enrico declarava sua paixão e se entregava completamente aos planos de retornar ao seu país, voltar ao convívio de seus melhores amigos e à esperança de viver uma linda história de amor com ela, sem ter ideia de que já vivia essa relação há quase 30 anos.