DESCRIÇÃO
Este livro integra a agenda de debates sobre a humilhação nas relações internacionais, identificada como fator estruturador e organizador do sistema internacional. No bojo dos trabalhos de Bertrand Badie e Axel Honneth, partimos da hipótese de que a humilhação é uma variável sistêmica na análise das relações internacionais e de que as potências emergentes concebem e implementam políticas de reconhecimento frente à humilhação percebida. As práticas da humilhação nas relações internacionais se manifestam no rebaixamento do status de um Estado, em sua condição de tutelado pelas superpotências e pelos Estados centrais, em sua posição à parte dos espaços de decisões e na estigmatização de suas lideranças, de suas opções políticas de modelos de desenvolvimento e de inserção internacional. Dessa forma, busca-se analisar a importância da política de reconhecimento no sistema internacional contemporâneo, discussão ainda pouco desenvolvida no campo da Ciência Política e das Relações Internacionais. Esse tipo de política reveste-se, em cada Estado, de particularidades, mas de forma geral gira em torno da busca por reconhecimento como membros plenos e de igual status no sistema, e na redistribuição de poder, riqueza e privilégio na economia global, nas instituições internacionais, nos fóruns multilaterais e nas instituições financeiras. Metodologicamente, parte-se de uma análise em perspectiva comparada das políticas de reconhecimento concebidas e implementadas por Brasil e China, a fim de compreender as interfaces existentes entre elas e suas respectivas agendas de política externa. Brasil e China sofreram humilhações de forma diferente e administram essa experiência cada um de acordo com a percepção e a reconstrução dos eventos ao longo da história. Reforça-se que a emergência dos países em desenvolvimento no século XXI não deve ser entendida somente pelas lentes do crescimento econômico ou do poderio militar, mas igualmente por meio de lentes mais abrangentes, interpretativas, que também levem em conta a dimensão política do status, da humilhação e do reconhecimento na política e nas relações internacionais.
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