DESCRIÇÃO
As reformas pombalinas da instrução pública, ocorridas durante o reinado de D. José I (1750-1777), em Portugal e suas colônias, marcaram a transferência do ensino dos jesuítas para o estado, liderado por Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal. Essas reformas visavam revitalizar a decadente condição socioeconômica, cultural e intelectual de Portugal, especialmente em comparação com potências como Inglaterra e França. O Marquês de Pombal, apesar de ser um déspota esclarecido, buscava alinhar Portugal aos ideais iluministas que já influenciavam a Europa do século XVIII. O método de ensino jesuítico e seus materiais estavam desatualizados para os objetivos modernos do reino. Embora o ensino do latim ainda fosse necessário para áreas como Direito e Medicina, Pombal e seus apoiadores, como Luiz Antônio Verney, viam a prioridade no ensino da língua vernácula (português). O ensino do latim seria introduzido apenas após seis meses de estudo do português.
Durante a gestão de D. José I, a produção de dicionários em português ganhou destaque, com Pombal atuando como um mecenas que incentivava a criação de obras metalinguísticas e literárias. Diversos dicionários bilíngues foram produzidos, elevando a língua portuguesa ao patamar das demais línguas europeias. Esse movimento culminou na publicação, em 1789, do primeiro dicionário monolíngue em português, de Antônio de Moraes Silva, uma obra fundamental e duradoura da língua portuguesa. A Lei Geral de 15 de outubro de 1827, no Brasil imperial, exigia, em seu artigo 6º, o ensino da “gramática da língua nacional” nas escolas primárias. Essa legislação promovia o uso de compêndios adequados para o ensino do português, como os dicionários de Moraes e Silva e outros que vieram depois dele. Esta obra explora o desenvolvimento histórico da dicionarística luso-brasileira, resultante das Reformas Pombalinas da Instrução Pública, destacando sua importância na consolidação e valorização da língua portuguesa no cenário educacional e cultural.
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