DESCRIÇÃO
Rancière não nos diz que as coisas vão melhorar nem como devemos fazê-las melhorar. Essa é, precisamente, a posição de reformador que ele evita, de modo que não devemos procurar aí as respostas que só encontraríamos nos partidos ou nas palavras dos especialistas, pois elas, muitas vezes, só se situam dentro de certos enquadramentos disciplinares que Rancière, todavia, evita. Ele é um pensador indisciplinar, quer dizer, um pensador que caminha, como o democrata que espalha sua palavra e, pouco a pouco, reúne ao redor curiosos que logo irão se dispersar. Não faz mal que se dispersem. Certamente, dormirão com a posse de uma palavra diferente com a qual poderão, amanhã, construir um novo presente […]. O trabalho incessante do pensador, apesar de não nos dar respostas, permite-nos ver que sempre há espaço para algo diferente e que isso se encontra no trabalho mesmo de uma democracia que “está entregue apenas à constância de seus próprios atos”.
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