O livro Sul Fluminense: laboratório do capitalismo brasileiro contemporâneo lança um olhar sobre a trajetória de uma das regiões mais industrializadas e de maior dinamismo econômico do estado do Rio de Janeiro, relacionando diretamente a presença dos setores automotivo e siderúrgico ao seu desenvolvimento, ao menos desde o final da década de 1930. A obra reúne resultados de trabalhos empíricos dos pesquisadores do Grupo de Estudos em Desenvolvimento do Sul Fluminense (Gedesf) que, ao longo da última década, vêm produzindo sólido material analítico acerca da forma como as empresas de origem estatal, a exemplo da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e de corporações transnacionais, como a Volkswagen, historicamente ajudaram a moldar essa região sob muitos aspectos, do planejamento urbano às relações de trabalho. O modo como esses dois setores enraizaram-se e orientaram o desenvolvimento regional é que faz essa série de pesquisas convergir no sentido de interpretar o Sul Fluminense como um laboratório para se estudar dois importantes ciclos do capitalismo brasileiro, um mais identificado com a forte atuação do Estado e outro marcadamente associado aos investimentos diretos estrangeiros. Essa transição se confunde, num primeiro momento, com a maior centralidade da atividade siderúrgica e, por consequência, de municípios como Barra Mansa e Volta Redonda e, depois, com a maior relevância da produção automotiva, uma vez que a chegada das montadoras provocou um deslocamento do eixo do desenvolvimento industrial, com crescente destaque atribuído aos municípios de Resende e Porto Real. Por esses aspectos, a presente obra é recomendada aos interessados em estudar, de maneira articulada, trajetórias regionais específicas de industrialização, bem como suas conexões com processos mais amplos da política nacional de desenvolvimento.