DESCRIÇÃO
O livro Tempo e Espírito: ensaio sobre o paradigma virtual em psicologia busca pensar um problema fundamental às ciências do espírito (conhecidas também como Ciências Humanas), mais particularmente à Psicologia: qual é o estatuto ontológico do pensamento? Problema antigo, que remete aos pré-socráticos e a Platão, perpassando toda a filosofia, tal questão se atualiza por meio da filosofia contemporânea, a partir de Deleuze, Bergson e Espinosa, entre outros intercessores. A novidade do presente trabalho situa-se na articulação entre o pensamento e o Tempo, considerando que esse último pouco é pensado na história da filosofia. Dividido em duas dissertações, que podem ser lidas de maneira independente, na primeira concebe-se o pensamento como tempo e ato, aproximando-se da noção de potência. Superando uma metafísica transcendente que separa mente e corpo, pensamento e extensão, Deus e Natureza, o autor busca pensar uma metafísica da imanência que explique melhor a dualidade epistemológica sem reduzir, como é costume fazer, o pensamento ao corpo. Por meio dessa colocação de problema, na segunda dissertação o autor empreende uma cartografia do que ele chama de desintegração da atualidade, em que os corpos, os discursos e as imagens, por meio da tecnologia e da mundialização capitalista, são hiperconectados e desterritorializados, produzindo uma mutação da subjetividade contemporânea em direção ao espírito. Virtualizar- se ou pensar o espírito como fluxo de tempo quer dizer que os sujeitos começam a se perceber como ato e ação, e menos como formas e padrões. Tal como na metafísica antropofágica de Viveiros de Castro, a metafísica do tempo busca pensar os sujeitos como perspectivas de uma vida, que podem usar dos corpos, imagens e discursos segundo um sentido de composição de uma vida comum que pode vir a implodir os poderes vigentes — tal como Nietzsche previu, chamando essa mutação de grande política e transvaloração de todos os valores. Usando referências da Filosofia, da Psicologia, da psicanálise, da Física, da literatura, o ensaio constrói um pensamento híbrido, mutante e minoritário, como indícios para essa necessária transformação do pensamento nesses tempos do fim, que assombram a contemporaneidade.
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