Como num rio turbulento em que mal se vê a margem, o Brasil e o mundo têm tentado atravessar águas cada vez mais perigosas. As diversidades econômicas e políticas cresceram e se tornaram imbricadas a tal ponto que em vários momentos parece que estamos num abraço de afogados. Mas, se a economia e a política têm sido desafiadoras, não menos difíceis têm sido as lideranças que navegam nessas águas revoltas. De Trump a Bolsonaro, a condução política do mundo tem ficado muito aquém do desejável e tem sido responsável pelos momentos mais baixos da economia nesses anos. Depois da crise de 2008, a insatisfação da população mundial, que buscou lideranças vocais, mas ineficazes para resolver seus problemas, na verdade, fez com que eles piorassem. Líderes que trouxeram aumento do protecionismo, descaso com a questão climática e aumento da desigualdade de renda, para ficar em poucas tragédias, ainda dão mostras de força mundo afora. Trump saiu, mas seu espectro ronda a política americana. Bolsonaro alimentou uma direita enraivecida que veio para ficar. E a China, nosso principal parceiro comercial, sustenta-se em uma liderança cada vez mais autoritária com riscos crescentes para a sustentação de seu crescimento econômico. É esse mundo tempestuoso que analiso em artigos escritos ao longo dos últimos anos, compartilhando as dores de termos de atravessar um rio com margem cada vez mais distante.