Por Geneci Antonia Pizzi, autora de Aprende-se com a vida
Escuta-se sempre que as crianças são o futuro da nação. Destina-se a elas a responsabilidade pelo futuro do país. No entanto, se a esperança é realmente esta, o que se tem feito para que as crianças assumam, quando adultas, o protagonismo de um país? Que país elas herdarão de uma geração tão complexa? O que podemos fazer para que nossa geração não receba este legado de prática imorais, preconceituosas e corruptas que estão marcando esta década em nosso país?
São perguntas que parecem fáceis de responder, mas remete a uma grande reflexão, pois passado, presente e futuro se aliam na construção do espaço no decorrer do tempo e de geração em geração. Mudanças de valores, desestrutura familiar, a falta de proteção e segurança para crianças no ambiente familiar, escolar e social. Tudo isso nos dias de hoje está transformando e provocando mudanças, o que chamamos de choque de gerações é justamente o momento que estamos vivendo. É preciso pensar a forma de ensinar, de educar. Se terão dias melhores só o tempo dirá, por hora a dúvida paira no ar. Todavia, é preciso refletir e observar: realmente as crianças estão sendo preparadas para o futuro? Como elas estão sendo educadas e cuidadas?
Crianças se tornando adultos equilibrados e responsáveis pelos seus atos, e principalmente pelas consequências deles, é, ou deveria ser, a nossa preocupação. Com certeza elas serão responsáveis por tomar grandes decisões no amanhã, porém, muitas vezes, essa afirmação faz com que nos esqueçamos suas necessidades, desejos e possibilidades de participação no presente. O papel dos adultos não é apenas preparar os pequenos para lidar com os desafios de amanhã, mas também cuidar do mundo que deixaremos para eles como herança. Os adultos precisam entender o quanto é importante deixar as crianças vivenciarem plenamente a infância, sem abarrota-las com as próprias angústias, preocupações e expectativas. É preciso dar espaço para que elas experimentem o mundo a partir de seus olhares e das suas necessidades que se manifestam no aqui e agora. A garantia de uma infância bem aproveitada, em que é possível brincar, criar, se expressar e agir espontaneamente é de extrema importância. Sendo assim, será um investimento que rende frutos no presente e no futuro.
Precisamos entender que as crianças de hoje estão rodeadas de tecnologias e os pais sem tempo para lazer. É basicamente uma geração de crianças que crescem sem brincar, perdendo tempo importante de sua formação. Passam muito tempo dentro de casa no quarto ou na sala com televisão, tablet ou celular, pois não tem um adulto para conduzi-los a outras brincadeiras. Sendo assim, a maioria das crianças e adolescentes se apegam aos jogos. Pode-se dizer que os jogos não são de todo o mal, pois melhoram a coordenação motora e auxiliam no raciocínio lógico. Porém, os pais precisam monitorar os filhos para saber o tipo de jogos que costumam jogar, controlar o tempo que podem ficar jogando, pois o excesso poderá resultar em malefícios que prejudicarão a saúde física e mental. É importante destacar que a infância é a fase ideal para as crianças se desenvolverem e se relacionarem. Portanto, o estilo de vida estimulado pelos jogos virtuais inverte valores e impacta diretamente na personalidade dos jovens. Dessa forma, o uso exagerado pode motivar problemas sociais grandes no futuro desses indivíduos. O uso excessivo de jogos online leva ao desestimulo de atividades escolares e sociais causando sintomas de abstinência quando retiradas, também faz com que o adolescente se isole desenvolvendo um comportamento agressivo. Ainda, é preciso ter controle ao acesso de nossas crianças e adolescentes à informações para que possamos orientá-los quanto ao que é bom, ao que é ruim e o que realmente contribui para sua formação social e cultural.
Desse modo, as crianças de hoje vivem a falta de segurança na rua, na praça, no shopping, onde quer que seja. São impedidas de saírem para fazer algo diferente, pois seus pais vivem com medo e inseguros, visto que, por meio de noticiários e das redes sociais, se deparam com crimes que acontecem em escolas, nas famílias e na rua.
Por isso, a insegurança, a angústia, a ansiedade e o medo de fazerem o que gostam aumenta, e consequentemente seus entretenimentos passam a ser os jogos no celular ou em outros aparelhos tecnológicos modernos que temos visto nas lojas.
O mundo todo está de luto pelas crianças mortas nas famílias e nas escolas nos últimos anos. As chacinas que acontecem frequentemente em escolas são ataques, na maioria das vezes, realizados por adolescentes, jovens que se tornaram assassinos frios e sem alma! O que faltou na formação destas criaturas na família, escola e sociedade? Quem errou? Será preciso discutir estas questões com urgência! Entender o que leva um jovem tirar a vida de seres inocentes e indefesos. Todos estes problemas sociais nos faz pensar e refletir se estamos educando nossas crianças e adolescentes para um mundo melhor com mais amor, igualdade e respeito às diferenças.
Todos tem o direito de sonhar, desejar e viver. Porém, tirar vidas nunca foi um sonho e sim crueldade, monstruosidade que não pode ser obra de Deus.
A família teria que ser um elo de risos, amor, carinho e compartilhamento de tudo o que é bom, mas o que vemos, na prática, são crianças sofrendo abusos ou sendo mortas por alguém do seio familiar. A escola seria um lugar de aprendizado, seja para aprender a ler, escrever, interagir com os colegas, com o meio, sonhar e construir seu sonho com o passar dos dias, mas muitas escolas proporcionam medo, insegurança e o risco de seus funcionários e estudantes perderem suas vidas. Os assassinos tiram vidas, sonhos, futuros que poderiam brilhar muito e fazer muito em prol de nossa nação.
O que está sendo feito para diminuir o crime contra as crianças? Se as crianças são as sementes que plantadas, cuidadas e regadas dão bons frutos. Quem somos nós adultos? Toda a semente lançada sai das mãos de um ser. Estes seres somos todos nós. A mudança precisa acontecer, cada um deve tentar encontrar uma saída e, juntos, colocarmos em prática, pois não adianta projeto sem execução. Sendo assim, para que algo de novo aconteça, dependerá do quanto estamos dispostos a nos dedicar a acompanhá-los em sua trajetória de desenvolvimento. Crianças e adolescentes precisam de orientação o tempo todo, bem como amor, cuidado e proteção.
O grito de socorro deve ser atendido neste momento e não ser lembrado na próxima chacina. Que tenhamos a coragem de preparar o caminho para nossas crianças para que tomem o rumo certo. Que tenhamos coragem de denunciar os agressores, que tenhamos coragem de protestar por mais segurança no ambiente familiar, educacional e social. Que tenhamos coragem de dizer “Basta!” ao preconceito, a miséria e a fome . Que tenhamos consciência de que as crianças não podem esperar… Elas precisam de amor, carinho, cuidados e proteção no aqui e agora. Se não for assim, não haverá um futuro promissor para nossas crianças e adolescentes e consequentemente para a nação.
Uma matéria necessária, amada Escritora-Poetisa Geneci Pizzi. Até mesmo as reflexões tem que serem instigada neste momento de paralisia cerebral, devido as muitas informações e tecnologias. Obrigada!