Por Helenita Fernandes, autora de A cadeira vazia: um encontro (im)possível
A leitura na infância deve ser um prazer e não uma exigência da família ou da escola. Mas esse prazer não é inato, vai sendo adquirido pelas experiências obtidas ao logo da vida. Muitas crianças resistem aos livros por motivos diversos, mas, aqui não pretendo focar no problema, mas sim em uma proposta para que esse momento possa ser divertido e funcional.
Quando tiver oportunidade, leve sua criança a uma livraria ou biblioteca, permita que ela escolha um livro, não se preocupe com a qualidade literária nesse momento. Você já deve estar imaginando que a escolha do livro estará relacionada a um desenho animado da moda ou algo do gênero. Tudo bem. Valorize a escolha e não tenha pressa de ler o livro.
Fiquem um bom tempo conversando sobre a capa, como ela é em relação a textura, cores, imagens… cada detalhe. Procure fazer perguntas, esse é um momento que você irá conhecer um pouco mais dos gostos naturais da criança sem os filtros do adulto. Qual o motivo da escolha? O que espera encontrar na história? O título remete a que? Que outras histórias podem estar relacionadas a esta?
Aqui pode ser dado início a um jogo: – Que tal um desafio? – Proponha uma volta pela livraria ou biblioteca para que encontre outros livros que, por qualquer razão, possam ter a ver com o escolhido de primeira. Dê um tempo para isso. Quando o tempo dado acabar, ou a criança estiver satisfeita, vejam juntos o que surgiu daí e podem criar uma história a partir das capas dos livros. Repare que até o momento não houve leitura.
Depois disso, peça que escolha um dos livros que foram separados. Pode ser que ela ainda escolha o primeiro, ou não, isso não importa. Esse é o momento de folhear o livro escolhido, ainda sem ler de fato. O que é mostrado no livro, que personagens aparecem, qual é o cenário, o que vai mudando, que emoção está transmitindo, o que será que acontece no fim…
Proponha que conheçam quem escreveu e quem ilustrou. Geralmente os livros trazem fotos e pode ser uma curiosidade interessante para a criança. Dependendo da fase em que se encontre em relação à leitura, conhecer a história na íntegra poderá ser com sua leitura, com uma leitura coletiva (você lê algum personagem e a criança outros) ou com a leitura da própria criança para você.
Faça de forma dramatizada, com momentos de risos, espantos, mistérios. Ao final, sugira a leitura de mais algum dos livros que haviam sido separados anteriormente. Se a criança estive estimulada, vocês ainda podem fazer, em conjunto, algo sobre essa experiência, atividade que irá depender da fase da criança. Pode ser um desenho com um estimulo como: Qual outro final que essa história poderia ter? Que outro personagem poderia entrar nessa história? Que parte você mudaria? Ou pode ser uma carta para o personagem que a criança mais gostou ou para o autor/ilustrador.
Ao terminarem, diga para sua criança como você se sentiu com toda essa experiência e a deixe à vontade para que diga como ela se sentiu. Que tal voltar em outro momento para fazerem esse exercício ao contrário, quando a criança irá dirigir a atividade e você irá respondendo aos estímulos? Outras inúmeras propostas podem surgir, o importante é que seja sempre um momento de integração e diversão.
E que tal me marcar no Instagram (@helenitaafernandes) ou me encaminhar um e-mail (helenita_f@hotmail.com) com sua(as) experiências a partir dessas sugestões? Vou adorar saber como funcionou com vocês e o que criaram a partir daí.
Sobre o autor
Helenita Fernandes – Mãe, Psicóloga, docente, consultora e escritora. Autora do livro para infâncias A CADEIRA VAZIA – UM ENCONTRO (IM)POSSÍVEL, ilustrado pela Lucielli Trevizan e publicado pela Editora Appris. Perfil literário no Instagram: @helenitaafernandes