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O estudo tem como objetivos verificar se o sinal “PARA” pode ser classificado como preposição na Libras e examinar a interferência linguística do português, tanto na Libras utilizada por surdos quanto em seu processo de documentação e pesquisa científica. Teve como base a gramática usada pelos surdos, e foram feitas análises de 12 produções espontâneas retiradas de vídeos do YouTube envolvendo o sinal “PARA”.
O estudo tem como objetivos verificar se o sinal “PARA” pode ser classificado como preposição na Libras e examinar a interferência linguística do português, tanto na Libras utilizada por surdos quanto em seu processo de documentação e pesquisa científica. Teve como base a gramática usada pelos surdos, e foram feitas análises de 12 produções espontâneas retiradas de vídeos do YouTube envolvendo o sinal “PARA”. Também foram analisados dados em compilações de sinais e dicionários da Libras. Para garantir o anonimato dos autores dos vídeos, eles foram baixados, catalogados e regravados pela pesquisadora, que é surda falante da Libras. Para favorecer a análise, foram recortados e traduzidos para o português trechos com imagens dos sinais. A análise dos vídeos apontou que o sinal “PARA” poderia ser considerado uma preposição não introdutória de argumentos, nos termos de Neves (2000), mas ao mesmo tempo ficou evidente que os usos de “PARA” nessas produções era bastante restrito a contextos envolvendo itens lexicais específicos (PARA SURD@), o que sugere uma falta de produtividade do uso do sinal com essa função e uma certa cristalização do sinal nesse contexto. Por isso os resultados não permitem afirmar que preposições constituam parte do sistema linguístico da Libras. A comparação dessa análise de dados espontâneos com a descrição do sinal “PARA” em compilações de sinais e dicionários deixou claro o quanto o processo de documentação da Libras tem estado dependente do português escrito, comprometendo a análise da gramática e semântica dos sinais. O trabalho de pesquisa não apenas traz clareza sobre a questão das línguas de sinais possuírem ou não preposições, como problematiza as várias formas de interferência do português sobre a Libras, principalmente no que se refere ao processo de pesquisa científica, em que essa interferência deveria ser evitada (BAKER; PADDEN, 1978). Esperamos que a pesquisa contribua para superar os vieses teóricos e metodológicos da ciência linguística que prejudicam uma compreensão da Libras por si mesma, rompendo definitivamente com a ideia historicamente equivocada de que as línguas de sinais podem não ser suficientemente satisfatórias e completas para a expressão e compreensão da experiência de mundo pelos surdos.
Peso | 300 g |
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Dimensões | 23 × 16 × 2 cm |
ISBN | 978-65-5523-095-6 |