A obra Cordeiro, o “subversivo” do sertão aborda a atuação de Francisco Lindolfo Cordeiro, advogado da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado do Ceará (Fetraece) que, no exercício de sua profissão, envolveu-se nas lutas agrárias daquele estado, no contexto político da ditadura civil-militar. Acusado de incitar os trabalhadores contra latifundiários, foi indiciado na Lei de Segurança Nacional e respondeu a um extenso e demorado processo na Justiça Militar, que tramitou da primeira à segunda instância entre 1971 e 1978. Poucos meses depois de absolvido, foi executado. Sua atuação nos fornece indícios das relações socio-políticas do meio rural, bem como dos mecanismos utilizados para reprimir as lutas camponesas. Entretanto, não se trata de uma biografia, mas sim de uma história política, ancorada na Nova História Política, por esta considerar que as práticas sociais e institucionais podem constituir-se em dispositivos políticos ao possibilitarem a percepção do sujeito como um agente transformador de sua realidade social. Nessa perspectiva, o livro busca contextualizar o cenário das lutas dos trabalhadores rurais cearen – ses durante aquele período, analisando os conflitos ocorridos na fazenda Japuara, no Sítio São Felipe e nos munícipios de Itatira e Maranguape – estes por se configurarem objetos da acusação contra Lindolfo Cordeiro –, bem como as causas de seu indiciamento e o contexto político de sua morte. Desse modo, esta obra é destinada a todos que se interessam pela temática da luta agrá – ria durante o regime militar. Com uma linguagem clara, objetiva e fundamentada no rigor científico, Cordeiro, o “subversivo” do sertão suscita uma reflexão sobre um período da história política do Brasil no qual muitos camponeses, sindicalistas e advogados perderam a vida, vítimas da repressão no campo.